Os Estados Unidos anunciaram na quinta-feira (7) exercícios aéreos militares na Guiana, em meio à tensão crescente entre Georgetown e Caracas devido a uma disputa territorial antiga, enquanto a comunidade internacional pedia uma distensão.
A Embaixada dos Estados Unidos na Guiana informou que, "em colaboração com a Força de Defesa guianense, o Comando Sul conduzirá operações de voo dentro da Guiana em 7 de dezembro".
“Esse exercício se baseia em compromissos e operações de rotina para melhorar a associação de segurança entre os Estados Unidos e a Guiana e fortalecer a cooperação regional”, afirma o comunicado.
O vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, disse que não há especulações sobre o assunto. “Posso garantir, no entanto, que cada movimento dos venezuelanos é rastreado, principalmente em nossas fronteiras”, ressaltou, em entrevista coletiva.
O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, rechaçou os exercícios. "Essa provocação infeliz dos Estados Unidos em favor dos pretorianos da ExxonMobil na Guiana é outro passo na direção incorreta. Advertimos que não nos desviarão de futuras nossas ações para a recuperação do Essequibo. Não se equivoquem!, publicou Padrino na rede social X.
Na quarta-feira, Caracas acusou o presidente da Guiana, Irfaan Ali, de autorizar bases militares americanas em Essequibo.
A Casa Branca, no entanto, afirmou que se opõe à “violência” na disputa territorial. “Obviamente não queremos que ocorra violência ou conflito entre as partes”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, aos jornalistas.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, conversou com Ali na quarta-feira “para reafirmar o apoio inabalável dos Estados Unidos à soberania da Guiana”, informou o Departamento de Estado.
"Não precisamos de conflito"
Na declaração conjunta, Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Colômbia, Equador e Peru pediram um diálogo entre Guiana e Venezuela e a busca por uma solução de importação.
“Uma coisa que não queremos aqui na América do Sul é guerra, nós não precisamos de conflito”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Brasil reforçou a presença militar nas fronteiras com Guiana e Venezuela.
O chefe da diplomacia da Grã-Bretanha, David Cameron, afirmou que a Venezuela não tem motivos para justificar uma ação unilateral e chamou de "retrógrada" a reivindicação venezuelana.
“Retrógrada é a penúria política, econômica e social em que está o Reino Unido (...) pela qual David Cameron é diretamente responsável”, respondeu a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, na rede social X.
A Venezuela especifica no domingo um referendo em que mais de 95% das pessoas que participaram aprovaram a criação de uma província venezuelana no Essequibo e a concessão da nacionalidade aos 125 mil habitantes daquela região.