Inaugurado em 1970, o Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães (Geraldão), na Zona Sul do Recife, será concedido à iniciativa privada. Nesta semana, a companhia Revee Real Estate Venues & Entertainment venceu o leilão para adquirir o direito de gerir o espaço pelos próximos 35 anos. O contrato prevê investimentos de R$ 228 milhões no local durante esse período.
A prefeitura e a empresa detalharam os planos para o estádio de 55 anos, que é parte da história da cidade. A ideia é que, com a nova gestão, o local passe a receber ao menos um evento por fim de semana, o que daria mais de 50 locações a cada ano.
O primeiro, se tudo der certo, deve ocorrer em junho, com o Flameja Arraiá Fest, um grande evento junino que já acontece em outros estados.O edital do leilão para a concessão do estádio foi lançada em dezembro de 2024. Antes disso, em 2012, o local foi fechado para obras que deveriam durar pouco mais de um ano. Entretanto, o serviço durou sete anos, e o Geraldão só foi reinaugurado em 2020, primeiro ano da pandemia.
Ao ser reaberto, o espaço, que foi palco de jogos da seleção de vôlei nos anos 80 e recebeu shows de Roberto Carlos e Júlio Iglesias, serviu de ponto de testagem e, depois, vacinação contra a Covid-19.
De acordo com a prefeitura, com a concessão, a empresa vencedora do leilão deverá pagar R$ 3,045 milhões para obter os direitos de gestão e, ao longo do contrato, fazer pelo menos R$ 228 milhões em investimentos no Geraldão.
Cerca de R$ 19 milhões serão para modernizar a estrutura. Os outros R$ 209 milhões serão destinados aos custos de manutenção previstos pelo tempo da concessão.
O secretário de Desenvolvimento Urbano do Recife, Felipe Matos, contou que a decisão de conceder o Geraldão à iniciativa privada é uma forma de reduzir as despesas da cidade e, também, ampliar a utilização do equipamento para outros eventos.
"Hoje, é algo que gera gasto para a prefeitura, porque gastamos com serviço de limpeza, paisagismo, piscineiro, e isso gera um déficit. Essa despesa, agora, vai deixar de acontecer, e nossa expectativa é de que o Geraldão se torne, cada vez mais, um equipamento estratégico para a cidade, com eventos, shows e outras formas de entretenimento e lazer. Isso acaba atraindo turistas de outros estados e cidades", afirmou o secretário.
Atualmente, segundo Felipe Matos, o Geraldão recebe entre 15 e 20 eventos por ano. Em entrevista , o CEO da Revee, Luis Davantel, contou que a expectativa é de que o estádio receba mais de 50 eventos anualmente."É o número mais tímido, porque costumamos dizer que, cada dia em que não temos um evento acontecendo, é como um assento de avião que voa vazio. [...] Preparando o Geraldão para eventos multiuso, o Recife entra no circuito de eventos que não estão indo para a cidade. Porque os promotores dos mais variados tipos olham para a geografia da cidade, se se consome naquele local o que ele quer vender e, em caso positivo, se tem onde fazer o evento", explicou.
O Complexo Multiuso do Geraldão tem 37 mil metros quadrados de extensão, com 21 mil metros de área construída. Há, no local, piscina, quadras poliesportivas, estacionamento e o ginásio multiuso com capacidade para mais de 9 mil pessoas.
Segundo a prefeitura, o contrato prevê que a área do complexo continuará livre e as atividades de escolinhas esportivas gratuitas nas quadras poliesportivas, quadra de areia e piscinas, serão mantidas.A empresa só deve começar a gerir o espaço em março, após a assinatura de contratos. A partir daí, ela deve realizar uma série de obras de modernização da estrutura.
"É a instalação de uma subestação elétrica, melhoria da climatização, coisas bem técnicas que foram identificadas em relatório técnico da prefeitura e que têm que ser feitas. A gente sabe que sempre há investimentos além do que o necessário, mas entendemos que o Geraldão é um ativo muito grande, que tem uma certa idade, e que precisa de melhorias", afirmou Luis Davantel.
A expectativa da Revee é que, em junho, sejam finalizadas as primeiras etapas das obras. Com isso, o Geraldão será reinaugurado.
"Teremos dois meses e meio para as intervenções, e não vamos conseguir fazer tudo de uma vez, mas não queremos deixar o local fechado por muito tempo. Devagarzinho, iremos colocando outras obras. Se der tempo, faremos o Flameja, um festival que acontece num fim de semana e cuja âncora é a música. No ano passado, tivemos cinco artistas, e vamos procurar ter um artista bem local, para puxar o evento, e ir numa crescente com outros artistas e até um conteúdo internacional", contou o CEO.
Outras obras previstas, segundo a Revee, têm como objetivo aumentar a atratividade do Geraldão para eventos.