Equipamentos para afastar tubarões, usados por guarda-vidas em Pernambuco, viraram peças do Museu do Corpo de Bombeiros. Os "shark shields" foram empregados durante pouco tempo e se tornaram obsoletos, segundo o presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), coronel Robson Roberto Araújo.
Os "shark shields" são dispositivos que emitem ondas eletromagnéticas e interferem em receptores sensoriais dos tubarões. Eles são chamados de Ampolas de Lorenzini, que ficam nos focinhos desses animais.
O equipamento, chamado de Freedom7, ficava amarrado no tornozelo da pessoa e tinha uma espécie de antena de 2,5 metros.
Esse equipamento chegou a ser utilizado, por exemplo, no resgate da turista Bruna Gobbi, de 18 anos, que morreu após ser atacada em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.
O questionamento sobre os dispositivos surgiu depois dos ataques mais recentes no Grande Recife. Em 15 dias, três pessoas foram mordidas.
No primeiro caso, o surfista André Luiz Gomes da Silva, de 32 anos, levou uma mordida em Olinda. Depois, um adolescente de 14 anos perdeu a perna e a adolescente Kaylane Timóteo Freitas ficou sem parte do braço. Os dois últimos casos foram em Piedade, em Jaboatão, a menos de 500 metros.
De acordo com o presidente do Cemit, o uso desse dispositivo se tornou inviável. "Aquilo foi uma tecnologia que se tornou obsoleta, porque não trazia 100% de segurança aos guarda-vidas. Tinha um raio de alcance de 1,5 metro e não protegeria, por exemplo, uma pessoa da minha altura, com mais de 1,80", disse.
O coronel disse, também, que houve uma dificuldade na manutenção e reposição de peças dos "shark shields", por se tratar de equipamentos feitos por empresas no exterior.
"Ele funcionava por criar um campo eletromagnético, mas, segundo relatos, começou a dar pequenos choques nos guarda-vidas. Além disso, dificultava a mobilidade do guarda-vida, porque ficava amarrado ao tornozelo e tinha a antena. Por isso, não se utilizou mais", explicou.